segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Versão remasterizada de Halo não esconde sinais da idade


Dez anos depois de seu lançamento, Halo: Combat Evolved, primeiro game da série símbolo do Xbox, ganhou uma versão remasterizada lançada no mês passado no Brasil. Gráficos e trilha sonora desse clássico foram retrabalhados, dando uma versão digna para a nova geração de gamers desfrutar do jogo responsável por provar que a Microsoft não estava a passeio no mercado de videogames. Porém, Halo: Combat Evolved não mudou nada da história e da estrutura de um game de uma década. O vovozinho está de roupa nova, mas ele ainda é um idoso.

Uma década é muito tempo em videogames. Para se ter uma ideia, dez anos antes de Halo, em 1991, o Super Nintendo era um novato estreando nos Estados Unidos com Super Mario World.

Para quem perdeu o trem da história: Halo: Combat Evolved conta a história de ficção científica do supersoldado MasterChief, que está em um sono criogênico em uma nave espacial. Aliens inimigos chamados Covenant atacam a nave, que se atira no hiperespaço em vias de ser abatida. Nesse momento, o protagonista é despertado.

MasterChief, o personagem principal, é insípido. Tem um capacete no lugar do rosto, fala pouquíssimo e parece não ter personalidade. Mas isso permite que os jogadores se envolvam mais fácil com esse personagem, que só traz o mínimo necessário. É como os animais retratados nas esculturas de Constantin Brâncusi (1876 - 1957), que com formas essenciais conseguia captar a natureza íntima de toda a espécie.

Os diálogos são feitos basicamente por Cortana, um sistema de inteligência artificial embutido na armadura de MasterChief. É como se fosse o grilo falante do Pinóquio.

Halo: Combat Evolved Aniversary deixa os gráficos dignos para 2011 - rodam até em televisores 3D -, mas abaixo de outros jogos de tiro de 2011. Gears of War 3 é um exemplo de game com visual superior. Até mesmo os lançamentos mais recentes da própria franquia superam Halo.

Porém, o trabalho de recriação foi esmerado. Uma opção da tela de pausa habilita o visual da primeira versão do game dando qualquer prova disso. Nesse mesmo menu, é possível ouvir a primorosa trilha sonora orquestrada na versão original. Mas aí não tem tanta diferença: a música capta a ambientação do jogo

Outro problema são os cenários repetitivos. Assim como em 2011, o novo Halo mantém as dificuldades de diferenciar corredores, fazendo o jogaodor se perder de tempos em tempos. A ação também não varia muito. Basicamente, o jogo avança em combates de zonas abertas e fechadas. Não pense que é fácil de vencer do velhinho. Os aliens Convenant são mais resistentes do que nos últimos jogos. A dificuldade em geral é maior porque os pontos para salvar o game não são tão comuns quanto em um Call of Duty: Modern Warfare 3, por exemplo. 

Esse estilo mais antigo (“vintage”, para usar uma palavra da moda) traz interesse. A história é bem linear, o jogador basicamente tem que ficar de olho nas balas e na energia, enfim, o enfoque é mesmo detonar aliens.
 Uma pequena complicadinha, mas absolutamente opcional, são os crânios espalhados pelo game. Quando esses itens, introduzidos em Halo 2, são encontrados, mudam a jogabilidade do game. Uma delas, por exemplo, faz os inimigos terem o dobro da energia. As caveiras podem ser ativadas no menu de opções.

Se tem uma coisa que Halo continua dando lição em muito jogo de produção milionário é no controle. A jogabilidade de Halo continua sendo intuitiva e com respostas aos comandos na velocidade ideal. Foi justamente o quesito joystick que fez o game entrar para a história.

Halo quebrou o estigma de que só era possível ter boas experiências de FPS (sigla em inglês para jogos de tiro em primeira pessoa) com teclado e mouse. O jogo provou que era possível ter controles dignos com os dois direcionais do joystick.

A produtora Bungie Studios bem que tentou adicionar um elemento novo com comandos de voz via Kinect. Funciona bem, mas o controle de Halo é o suficientemente bom para fazer tudo sem que você precise ficar pagando mico gritando para soltar uma granada.

O velinho Halo não soube se adaptar aos novos tempos de Xbox Live. Há opção de jogar a história de forma cooperativa, mas como isso não estava previsto no jogo original, a história descarta o segundo jogador, que só serve mesmo para ajudar a detonar aliens. Mais ou menos como o Tails em Sonic 2, do velho Mega Drive - ninguém dá bola, mas é útil para destruir inimigos.

Fora isso, estão abertas as opções de multijogador do recente Halo: Reach, o que traz o jogo para os tempos atuais, quebrando o climão nostálgico. Ainda assim, uma boa opção para duelar.

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